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Luminol

R$96,00 R$87,00

Um romance de Carla Piazzi
Posfácio por Lucas Verzola

~ Finalista do Prêmio São Paulo
na categoria: Melhor Romance de Estreia 2022 ~

528 páginas ~ ISBN: 978-65-88104-19-4

Leia o posfácio na íntegra aqui.


Luminol poderia ser pensado como um luto labiríntico, uma perspectiva inusitada do século 20 em diário, um romance detetivesco e polifônico cujas substâncias são o amor e a morte. Ou como aponta Lucas Verzola no posfácio, uma obra “que tenta lidar com abominações de todas as espécies”. Poderíamos conceber as três narradoras das três partes do livro como uma criatura tricéfala saída de um bestiário, que busca lidar – numa mistura volátil de sedução e repulsa, mas nunca indiferença – com retratos íntimos, ancestralidades e paisagens sociais do Brasil. Embora expressivo, nada disso encerraria a trama ou desvendaria sua arquitetura profunda, uma estrutura constituída por heranças, duplicações e espelhamentos, onde números e datas se organizam sob uma lógica própria.

Maya, Clara e Quindim nos guiam por casas, ruínas, matas e rios. Com elas, acompanhamos os malabarismos de uma autora tentando reconquistar a confiança de sua editora; um personagem literário e uma figura histórica invadindo o cotidiano; promessas difíceis de sustentar; um elogio às cartas e à lentidão das conversas; os lugares de mãe, filha e amiga se fundirem, cada uma dando cria às outras. Atormentadas por vozes, traumas políticos, culpas e imagens inscritas na memória, as personagens narram por meio da colagem de cartas, sonhos e diários para investigar o “desaparecido” de suas vidas e manipular o destino de suas perdas. No que é possível confiar?

O caráter enciclopédico e dilatado da prosa de Carla Piazzi é tramado sob os signos da penumbra, do hibridismo e da fragmentação. Nesse percurso circular aparecem lendas, história e filosofia. Somos leitores-intrusos numa intimidade ora dolorida, ora bem-humorada, onde convivem vigília e fantasmagoria, violência e ternura, exílio e pertencimento, apego e abandono, o luto e a criação.


 

Em estoque


Coordenação editorial: Laura Del Rey
Edição: Laura Del Rey e Victor Pedrosa Paixão
Tradução [trechos Saint-Denys]: Carla Piazzi e Raquel Dommarco Pedrão
Preparação de texto: Mariana Bastos
Revisão: Aline Caixeta Rodrigues
Ass. editorial: Fernanda Heitzman

Capa, projeto gráfico e diagramação: Angela Mendes e Laura Del Rey
Ilustrações: Fernanda Heitzman, Laura Del Rey e Romano Corá
Pesquisa de imagens [domínio público]: Carla Piazzi, Fernanda Heitzman e Laura Del Rey
Tratamento de imagens: Angela Mendes
Ass. design: Fernando Zanardo

Catalogação: Ruth Simão Paulino

Agradecimentos da editora: à confiança amorosa de Carla Piazzi e a essa equipe dos sonhos e do coração, sem as quais não seria possível realizar um livro desse porte em uma editora tão pequena; e a: Giuliano F. Rossi, Lucas Verzola, Miriam Marinotti, Vilma Heitzman e Roberto Taddei

Ano: 2022


O livro e a autora

Luminol nasceu na raspa do tacho do século 20. Ou melhor, no limbo entre o 20 e 21 – lugar que o marcou profundamente e, na maturidade, o convidou a olhar para trás e para frente o tempo todo, agravando sua labirintite. Tomou corpo na solidão e no silêncio. Fastiado, desejou treinar a voz e a escuta em diversas oficinas, das reconhecidas às marginais, de criação literária. Teve, nesse longo percurso, excelentes companhias. Cultivou amizades preciosas. Apegos e inquietações também. É o primeiro romance da autora Carla Piazzi, da qual agora se despede, meio melancólico, meio aliviado.

CARLA PIAZZI nasceu em Inhumas – GO (1965), viveu em Brasília, no Rio de Janeiro e atualmente mora em São Paulo. Luminol (Incompleta, 2022), finalista do Prêmio São Paulo, é seu romance de estreia. Carla tem formação em História, pós-graduação em Gestão de Projetos Sociais e MBA em Bens Culturais. É uma das autoras da coletânea de contos Apañado (Incompleta, 2021). Participou da coordenação do livro Festa: cultura e sociabilidade na América portuguesa (Hucitec/Edusp 2001), vencedor do Prêmio Jabuti 2002 na categoria ‘Ciências Humanas’.


O texto da 4ª capa

O título evidencia um romance detetivesco? Difícil não tomar emprestado da gíria mexicana presente em Detetives Selvagens, a palavra “simonel”: sim e não ao mesmo tempo, a ambiguidade radical, a impossibilidade de encerrar uma interpretação.

Eu era uma menina quando a minha mãe morreu. Eu não vi o corpo, ninguém deixou, minha avó e bisavó quiseram me poupar do horror. Mas a gente precisa ver a morte. O que eu vi da morte foi um caminhão, uma casa inteira dentro de um caminhão de mudança que veio até mim uma, duas vezes. Na primeira vez, eu era criança e não podia encostar em nada, mas era tudo meu. Tudo entulhado, bagunçado, escondido, mas era meu. Uma posse jogada no futuro. A segunda vez  foi quando, já adulta, me mudei pro mato e, de novo, o caminhão chegou. Foi aí que esse futuro, o futuro do meu passado, me disse: “Eu não sou uma abstração, eu sou algo bem concreto. Agora é tudo seu…”. E o que fazer com isso?

Se por vezes nos sentimos, em um ou outro momento, inclinados a seguir os rastros deixados pelas três narradoras – Maya, Clara e Quindim –, Luminol nos instiga a pegar uma lupa, a sermos cúmplices nesta narrativa assombrada por uma frase: “Se você não se lembra da sua mãe, é porque você a matou”.

Tão híbrido em sua estrutura quanto as criaturas que rondam estas páginas, o romance se vale de cartas, diários, vozes ditas e deliradas. Põe, lado a lado, lendas, história, filosofia, o rural e o urbano, o antigo e o contemporâneo, o corriqueiro e o inusitado.

Somos leitores-intrusos numa intimidade ora dolorida, ora bem-humorada, onde convivem vigília e fantasmagoria; violência e ternura; exílio e pertencimento; herança e abandono; solidão e amizade; o luto e a criação.


Peso850 g
Dimensões15 × 4 × 23 cm
Tiragem

2000

ISBN

978-65-88104-19-4

Páginas

528

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