Descrição
Coordenação editorial: Laura Del Rey
Edição: Laura Del Rey e Victor Pedrosa Paixão
Tradução [trechos Saint-Denys]: Carla Piazzi e Raquel Dommarco Pedrão
Preparação de texto: Mariana Bastos
Revisão: Aline Caixeta Rodrigues
Ass. editorial: Fernanda Heitzman
Capa, projeto gráfico e diagramação: Angela Mendes e Laura Del Rey
Ilustrações: Fernanda Heitzman, Laura Del Rey e Romano Corá
Pesquisa de imagens [domínio público]: Carla Piazzi, Fernanda Heitzman e Laura Del Rey
Tratamento de imagens: Angela Mendes
Ass. design: Fernando Zanardo
Catalogação: Ruth Simão Paulino
Agradecimentos da editora: à confiança amorosa de Carla Piazzi e a essa equipe dos sonhos e do coração, sem as quais não seria possível realizar um livro desse porte em uma editora tão pequena; e a: Giuliano F. Rossi, Lucas Verzola, Miriam Marinotti, Vilma Heitzman e Roberto Taddei
Ano: 2022
O livro e a autora
Luminol nasceu na raspa do tacho do século 20. Ou melhor, no limbo entre o 20 e 21 – lugar que o marcou profundamente e, na maturidade, o convidou a olhar para trás e para frente o tempo todo, agravando sua labirintite. Tomou corpo na solidão e no silêncio. Fastiado, desejou treinar a voz e a escuta em diversas oficinas, das reconhecidas às marginais, de criação literária. Teve, nesse longo percurso, excelentes companhias. Cultivou amizades preciosas. Apegos e inquietações também. É o primeiro romance da autora Carla Piazzi, da qual agora se despede, meio melancólico, meio aliviado.
CARLA PIAZZI nasceu em Inhumas – GO (1965), viveu em Brasília, no Rio de Janeiro e atualmente mora em São Paulo. Luminol (Incompleta, 2022), finalista do Prêmio São Paulo, é seu romance de estreia. Carla tem formação em História, pós-graduação em Gestão de Projetos Sociais e MBA em Bens Culturais. É uma das autoras da coletânea de contos Apañado (Incompleta, 2021). Participou da coordenação do livro Festa: cultura e sociabilidade na América portuguesa (Hucitec/Edusp 2001), vencedor do Prêmio Jabuti 2002 na categoria ‘Ciências Humanas’.
O texto da 4ª capa
O título evidencia um romance detetivesco? Difícil não tomar emprestado da gíria mexicana presente em Detetives Selvagens, a palavra “simonel”: sim e não ao mesmo tempo, a ambiguidade radical, a impossibilidade de encerrar uma interpretação.
Eu era uma menina quando a minha mãe morreu. Eu não vi o corpo, ninguém deixou, minha avó e bisavó quiseram me poupar do horror. Mas a gente precisa ver a morte. O que eu vi da morte foi um caminhão, uma casa inteira dentro de um caminhão de mudança que veio até mim uma, duas vezes. Na primeira vez, eu era criança e não podia encostar em nada, mas era tudo meu. Tudo entulhado, bagunçado, escondido, mas era meu. Uma posse jogada no futuro. A segunda vez foi quando, já adulta, me mudei pro mato e, de novo, o caminhão chegou. Foi aí que esse futuro, o futuro do meu passado, me disse: “Eu não sou uma abstração, eu sou algo bem concreto. Agora é tudo seu…”. E o que fazer com isso?
Se por vezes nos sentimos, em um ou outro momento, inclinados a seguir os rastros deixados pelas três narradoras – Maya, Clara e Quindim –, Luminol nos instiga a pegar uma lupa, a sermos cúmplices nesta narrativa assombrada por uma frase: “Se você não se lembra da sua mãe, é porque você a matou”.
Tão híbrido em sua estrutura quanto as criaturas que rondam estas páginas, o romance se vale de cartas, diários, vozes ditas e deliradas. Põe, lado a lado, lendas, história, filosofia, o rural e o urbano, o antigo e o contemporâneo, o corriqueiro e o inusitado.
Somos leitores-intrusos numa intimidade ora dolorida, ora bem-humorada, onde convivem vigília e fantasmagoria; violência e ternura; exílio e pertencimento; herança e abandono; solidão e amizade; o luto e a criação.