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a cura

Quando entrou naquela água turquesa parada, foi a lava do vulcão ao fundo que o fez imaginar que a temperatura estaria quente. Pequenas luzes em dupla ou trios, espalhadas pela montanha azul escuro, pareciam olhinhos o examinando, mas não se deteve – até gostava de ser observado.

Ela tinha ficado para trás, na terra, ele não sabia se ainda colhendo as ervas, tão brilhantes, ou esperando que ele confirmasse a profundidade e temperatura do lago. Não se virou para tirar a dúvida, seguiu andando em direção aos olhos.

Pensava que haviam chegado na hora exata, a tarde logo chamaria a noite. Experimentou soltar os pés do chão, flutuou abraçando os joelhos e olhou para cima. Era bom esquecer o peso do corpo.

A água subiu um pouco, entrou no nariz e avisou que ela chegava. Estava logo atrás dele, flutuava também, o corpo na horizontal.

– Quanto tempo acha que podemos ficar aqui?

– Até que apareça a primeira estrela, e então vamos – ela disse.

A luz caía e deixava cada vez mais intensos os olhos da montanha, o cume vermelho de lava e as ervas fluorescentes à beira da água. Já não podiam se ver. Ainda flutuavam. Ela apalpou sua coxa, ele sabia o que queria dizer com aquilo.

– Você vai ficar bom – falou.

Não acreditava, mas pôs as mãos sobre a dela para agradá-la. Era o sorriso que podia fazer no escuro. A água quente relaxava os sentidos, mas o cheiro ácido lembrava do que era difícil.

A primeira estrela apareceu, e para cada um deles ela era um sinal diferente.





Ilustração: Ariel Spadari

 

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